Alegadamente…
Alegadamente, há Director@s que escondem o número real de contágios ocorridos nos respectivos Agrupamentos…
Alegadamente, há Director@s que aplaudem as decisões do Governo, quanto à manutenção da abertura das escolas, nomeadamente a justificação apresentada nesse sentido: por um lado, a defesa de que o ensino presencial é insubstituível e, por outro, que o número de contágios nas escolas não é significativo em termos estatísticos…
O ensino presencial é, de facto, insubstituível, mas não o pode ser a qualquer custo, sobretudo se o que estiver em causa for a saúde de todos os que entram diariamente numa escola; o número de contágios nas escolas só não é significativo em termos estatísticos se se considerar um número fictício de contágios…
Alegadamente, ess@s Director@s parecem muito mais preocupados e interessados em agradar à Tutela e continuar nas suas boas graças, deferindo todas as suas decisões, do que em defender e salvaguardar as condições de saúde pública, necessárias e imprescindíveis ao regular funcionamento das escolas, respeitantes a todos os que aí passam a maior parte do seu dia… Além disso, no momento actual, o que existe é um “ensino presencial intermitente”, com sistemáticas interrupções ou paragens, motivadas pelos isolamentos profilácticos e/ou pela confirmação de casos positivos, a afectar muitos alunos, professores e Pessoal Não Docente, em cada escola. Esse não é o ensino presencial que se deseja e que se pretende. Esse é o ensino presencial que convém para enganar os mais distraídos…
Alegadamente, há profissionais de Educação que defendem a actuação do Governo em relação ao não fecho das escolas, aceitando como válida a justificação apresentada… Pelos motivos anteriormente apontados, a justificação não será válida e a aceitação referida não pode deixar de causar perplexidade e estranheza, sobretudo por os próprios se constituírem como potenciais “vítimas” da obstinação do Governo…
Alegadamente, há profissionais de Educação que consideram que não se deve argumentar contra a acção do Governo e que falar ou discutir sobre “política” deve ser considerado como um assunto tabu, interdito, previsivelmente, causador de algum tipo de melindre… Segundo esses profissionais também não se pode falar nem discutir “política” em locais onde, supostamente, só se deverá falar e discutir sobre Educação…
Esses profissionais talvez, ainda, não tenham percebido que a maior parte das medidas em Educação são tomadas por políticos; têm um carácter iminentemente político; e são quase sempre sustentadas por desígnios políticos… Pode-se concordar ou discordar de determinadas Políticas Educativas, mas não há dissociação, nem oposição, entre Política e Educação, há interdependência entre ambas, consoante a ideologia política de quem a tutela…
O maniqueísmo desse tipo de pensamento parece evidente… Ou então trata-se de um pensamento ingénuo, simplista e reducionista da própria Educação…
De qualquer forma, e por motivos óbvios, esse é o tipo de pensamento que mais agrada aos políticos, sobretudo se forem Governantes…
Alegadamente, os profissionais de Educação não são considerados como prioritários, enquanto grupo profissional, para a toma da vacina, mas as escolas são consideradas como imprescindíveis para a Economia e, portanto, não podem fechar… A contradição parece flagrante: as escolas permanecem abertas por imposição do mesmo Governo que, simultaneamente, não manifesta a menor preocupação com a proteção da saúde dos profissionais que nelas trabalham…
No limite, se a maioria dos profissionais que trabalha nas escolas adoecer por covid, as escolas continuarão a poder cumprir o seu principal desígnio e a permanecer abertas? No limite, e por absurdo, é a própria Tutela que dita a eventual morte dos seus profissionais…
Por todos os motivos anteriores, vivemos, alegadamente, num país onde uns e outros mentem descaradamente e onde alguns parecem conviver muito bem com o desrespeito, com a desconsideração e com a humilhação a que frequentemente são sujeitos…
Metaforicamente falando, às vezes, chega a parecer que alguns foram acometidos por uma espécie de Síndrome de Estocolmo e por um certo masoquismo implícito…
Os hospitais entraram em ruptura, o pessoal médico está exausto, não há meios humanos nem materiais suficientes, o número diário de contágios e de óbitos galopa e a Economia colapsará, independentemente de as escolas continuarem abertas ou de serem fechadas…
Se continuarem abertas servirão apenas a teimosia insana de uns e o pedantismo e narcisismo de outros… E o problema incontornável é que alguns pagarão com a própria vida o acinte, a vaidade e a arrogância de outros… Espera-se que, no mínimo, alguém os venha a responsabilizar como autores morais e materiais desse crime perverso…
Alegadamente, poderá ser assim…
Nota: “Quem cala, consente”… Calar e assistir a tudo isto de forma impávida e serena, como se fosse aceitável e admissível, é o mesmo que legitimar e anuir com estas atrocidades… A incapacidade de o conseguir fazer é assumida e manifesta neste texto…
(Matilde)