O sistema de ensino: visões e propostas para melhoramento – Francisco Nascimento:

O sistema de ensino: visões e propostas para melhoramento – Francisco Nascimento  O sistema de ensino: visões e propostas para melhoramento:

Na escola que vai até ao ensino mínimo obrigatório (12º ano), não aprendemos a preencher o IRS, a gerir o nosso dinheiro, ou sobre os nossos direitos e deveres enquanto cidadãos, mas pelo menos sabemos onde colocar corretamente os advérbios de modo.

Talvez por essa razão tenhamos a “geração mais qualificada de sempre” e não vejamos resultados práticos na evolução do nosso país. Talvez por essa razão sejamos tão desconhecedores sobre a forma como funciona a sociedade em que nos inserimos.

Como é possível que não sejamos ensinados na escola sobre a forma como a sociedade funciona, nomeadamente capitalismo, que é, goste-se ou não, o sistema em que vivemos?

Não é plausível que tenhamos 12 anos seguidos de algumas disciplinas e que não tenhamos outras que nos preparariam noutras vertentes importantíssimas da vida, como o cultivo do espírito crítico, o direito, a política ou a educação financeira.

A minha tese é a de que existem disciplinas que deveriam ser lecionadas de forma obrigatória, e que são até mais importantes na preparação para a futura vida adulta do que algumas que são neste momento ensinadas.

Posto isto, proponho a criação de quatro novas disciplinas com o objetivo de formar adultos mais conhecedores, competentes e capazes de compreender como funcionamos enquanto indivíduos e sociedade:

  • Espírito Crítico – O que é um indivíduo sem capacidade de pôr em questão aquilo que o rodeia? Se não aprendermos a questionar além do que nos é dito, que capacidade de evolução teremos? Para além disso, a forma como, grande parte das vezes, as disciplinas são lecionadas, incita pouco ao espírito crítico, pois as matérias são, com bastante frequência, dadas de forma dogmática e fechada.
  • Educação Financeira – Se não percebermos o dinheiro (a sua origem, o que ele realmente representa e como é criado), e não soubermos criar riqueza e geri-la, como é que podemos aspirar a prosperar no futuro? Em matéria de fiscalidade, por exemplo, uma altíssima percentagem dos finalistas do ensino secundário, para não dizer todos, não fazem a mais pálida ideia de como devem preencher o seu futuro IRS. No entanto, é algo que terão que fazer mais cedo ou mais tarde.
  • Direito – Enquanto cidadãos abrangidos pela Constituição, é imprescindível que saibamos os nossos direitos e deveres, pelo menos os mais elementares. É o mínimo exigível num estado de direito, conceito cujo significado poucos saberão ao acabar o ensino obrigatório nacional.
  • Política – É o que rege a nossa as nossas vidas. Os políticos têm na sua mão parte do nosso futuro coletivo. São eles que escrevem as leis e que as aprovam. São eles que decidem o que é ou não legalmente permitido fazermos, enquanto cidadãos da República. Infelizmente, grande parte dos adolescentes mal sabe o nome do primeiro-ministro.

Posto isto, enfatizo a necessidade imperiosa de a escola ensinar, primeiramente, o que é útil para a vida futura, e só depois aquilo que é supérfluo! Não é aceitável que o – primário, básico e secundário – seja igual ao que era há 100 anos atrás. Simplesmente não faz sentido. A sociedade evoluiu astronomicamente e o ensino tem que evoluir com ela.

Observador

Rui Cardoso ABR252022