Vacinação deverá arrancar em Janeiro. Pessoas com comorbidades e trabalhadores de risco fazem parte do grupo prioritário. Vacinas só deverão chegar à população que não é de grupos prioritários a partir de Julho.
Miguel Dantas -3 de Dezembro de 2020, 21:12
Portugal anunciou, nesta quinta-feira, o plano nacional de vacinação contra a covid-19. Foram definidos dois grupos prioritários para receber estas vacinas que, de acordo com as previsões das autoridades de saúde, devem começar a ser administradas em Janeiro. Tire aqui as suas dúvidas sobre onde, como e quando poderá ser vacinado.
-Quando terá início a vacinação em Portugal?
As primeiras vacinas serão administradas em Janeiro. Esta quinta-feira, o responsável pela task force que elaborou a estratégia nacional, Francisco Ramos, confirmou que o país assistirá ao arranque da vacinação no próximo mês, admitindo, porém, que ainda não é possível dizer em concreto o dia em que serão dadas ao grupo prioritário.
-Quem serão os primeiros a receber a vacina?
São 950 mil pessoas. O primeiro grupo prioritário abrange pessoas com 50 ou mais anos com uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal e doença respiratória crónica com suporte ventilatório.
Os utentes dos lares e pacientes internados em unidades de cuidados continuados também estão incluídos neste grupo, bem como os profissionais que trabalham nestas instituições.
Os profissionais de saúde e de outras organizações que contribuem para o combate à pandemia – onde se incluem os elementos das forças de segurança e forças armadas – também fazem parte dos primeiros a receber a vacina.
-Quando é que estas pessoas prioritárias vão receber a vacina?
(Vacina da Moderna produziu anticorpos persistentes 90 dias depois)
O responsável pela task force que definiu o plano de vacinação afirmou esta quinta-feira que, “num cenário optimista”, a primeira vaga de vacinação ocorrerá entre Janeiro e Fevereiro. Mas de acordo com o que se pensa ser o desenrolar normal dos acontecimentos (o designado “cenário mais provável”), prevê-se que este primeiro grupo prioritário seja completamente vacinado entre Janeiro e Março. Se existirem, contudo, problemas na distribuição da vacina, este prazo poderá ser estendido até Abril.
-Quais são os grupos seguintes?
Pessoas com 65 ou mais anos, independentemente da existência de patologias de risco, vão receber a vacina na segunda fase de vacinação.
Este segundo grupo prioritário abrange também pessoas entre os 50 e os 64 anos que sofram de outras patologias que não estejam incluídas na primeira fase de vacinação. Francisco Ramos adiantou que quem esteja nesta faixa etária e sofra de diabetes, neoplasia maligna activa, doença renal, insuficiência hepática, obesidade e hipertensão arterial receberá o medicamento na segunda vaga de vacinação.
São abrangidas 2,7 milhões de pessoas nesta segunda fase, que terá início em Março ou Abril. Os especialistas prevêem, tal como para a primeira fase, cerca de dois meses para completar esta etapa da vacinação. No pior dos cenários, este segundo grupo estará vacinado em Julho.
-E a restante população?
Os especialistas desenharam um terceiro e último grupo de vacinação, que abrange a restante população do país. Adolescentes e pessoas até aos 65 anos saudáveis não fazem parte dos dois grupos prioritários estabelecidos pelos especialistas de saúde. Não há dados suficientes para recomendar a vacinação de crianças e grávidas.
-Podem existir alterações a estes grupos?
Sim. Francisco Ramos deixou claro que podem ser feitos ajustes aos grupos prioritários, que estão dependentes do “ritmo de abastecimento” da vacina.
-Terei de pagar pela vacina?
(Vacina, uma dose de esperança e outra de desconfiança)
Não. A vacina será gratuita e terá “carácter universal”, disse a ministra da Saúde, Marta Temido.
-Onde serão dadas as vacinas?
Nas primeiras duas fases, as vacinas serão fornecidas nos centros de saúde, num total de 1200 pontos de vacinação em todo o país. Para as pessoas em lares ou unidades de cuidados continuados, as vacinas serão dadas nesses próprios locais. Após a vacinação dos grupos de risco, prevê-se a expansão dos pontos de vacinação, não sendo ainda claro em que moldes se dará este alargamento.
-O que devo fazer para receber a vacina?
(Covid-19: em Março, já deverá existir imunização “suficientemente grande” da população)
De acordo com as indicações fornecidas na apresentação do plano de vacinação, serão as autoridades de saúde a identificar e contactar as pessoas nos grupos prioritários. A vacinação será depois agendada, de modo a agilizar o processo. Os doentes podem, contudo, solicitar a marcação da vacina, se se enquadrarem nas restrições aplicadas aos primeiros grupos.
-Quais são as vacinas que Portugal vai receber?
Portugal adquiriu cerca de 22 milhões de doses, num investimento que está entre os 180 e os 200 milhões de euros. Neste momento, há acordos assinados com seis fabricantes, conforme explicou o coordenador do grupo de trabalho que decidiu o plano de vacinação.
Distribuição da chegada de vacinas por trimestre PLANO DE VACINAÇÃO
“O primeiro foi o da AstraZeneca, assinado a 14 de Agosto, que tem 300 milhões [de doses] para a União Europeia e 6,9 milhões para Portugal.
O segundo da Sanofia/GSK, em que não estão definidas doses.
O do grupo Johnson&Johnson, com 200 milhões [de doses] para a União Europeia e 4,5 milhões para Portugal.
O da Pfizer, com 4,5 milhões para Portugal.
O da CureVac, o valor está praticamente acertado, entre quatro e cinco milhões.
O último contrato assinado, o da Moderna, tem uma quantidade mais pequena, 80 milhões [para a Europa] dos quais nos cabem 1,8 milhões”, explicou o presidente do Infarmed.
-Quais são as primeiras a chegar a Portugal?
Ainda não é possível dizer ao certo. A Agência Europeia do Medicamento está neste momento a concluir a sua avaliação às vacinas da BioNTech/Pfizer e da Moderna. Caso recebam parecer favorável deste regulador, serão as primeiras a distribuir às populações dos países.
-Serão precisas duas doses da vacina?
Sim. O plano de vacinação para a covid-19 prevê que o medicamento seja tomado em duas doses. O intervalo entre a primeira e a segunda injecção dependerá da vacina, sendo que nos ensaios clínicos da BioNTech/Pfizer o intervalo entre doses variou entre 19 e 42 dias. A duração da imunização permanece uma incógnita.