Todos os anos por esta altura são denunciados fenómenos anómalos nas escolas portuguesas. A dias de terminar mais um ano letivo, não é difícil começarmos a ler nas diversas redes sociais a indignação de muitos, a conivência de outros tantos e o conformismo dos restantes perante as avaliações.
Para os alunos que, pelo contrário, mostram total desprezo pela escola, faltam demasiadas vezes e quando aparecem, fazem-no em modo displicente, muitas vezes prejudicando o bom funcionamento das aulas, empenham-se zero e têm constantes falta de material, não me parece justo que se gastem recursos pedagógicos ou se façam planos, que são demasiadas vezes reajustados para que no final do dia seja mais um caso de sucesso ao invés de serem os alunos, num compromisso de empenho, a fazer um esforço por ele próprio e cumprir o planeado.
Naturalmente que não se pede um abandono destes alunos, já que as causas podem ser diversificadas e deverão ser referenciadas para que os especialistas, aqueles que faltam nas escolas, possam ajudar a montante para que o aluno assim que entre na sala de aula possa estar em perfeitas condições físicas e psicológicas e com predisposição para envolver-se no processo de ensino-aprendizagem.
Devemos, com certeza, tentar perceber porque é que haverá tantos alunos em situação de retenção, quais as causas a montante, contextos sociais e familiares, e quais as dificuldades a jusante, falta de recursos na escola. Mas isso não pode justificar tudo!
Não me lembro de ter conhecido nenhum professor, mesmo aceitando que possa haver, que retenha alunos por gosto. Fá-lo-á seguramente considerando aquilo que é o melhor para aquele aluno e sua circunstância.
Reter ou passar um aluno é a maior parte das vezes querer o bem dele. Também não conheço nenhum, que simpatize com a ideia de que em nome da inclusão se retire o mérito, o empenho, o esforço e a dedicação do processo de ensino-aprendizagem.
O combate às desigualdades faz-se com rigor e exigência em conjunto com medidas específicas de apoio. Tutorias, bolsas de estudo, mesmo no 1.º ciclo, ação concreta na ajuda de problemas de desigualdade social. Não com narrativas erróneas e baixar de fasquia.
O processo de ensino-aprendizagem exige esforço, dedicação e empenho dos alunos-pais-professores/escolas. Só com uma estreita colaboração, empenho e esforço de todos os intervenientes é que conseguiremos.
2022, 17:15 O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990