Governo apresenta, esta terça-feira, o plano de recuperação das aprendizagens para os próximos dois anos.
O Governo apresenta, esta terça-feira, o prometido plano de recuperação das aprendizagens, que deve ser aplicado até 2023. Os diretores, garantem os presidentes das duas associações (ANDAEP e ANDE), estão contra regras nacionais e uniformizadas para todas as escolas. E pedem autonomia e recursos para cada agrupamento aplicar o seu plano.
Nem escolas de verão nem um calendário prolongado como o de este ano. “Professores e alunos estão exaustos”, frisa Filinto Lima. Na audição com o ministro e secretário de Estado Adjunto, o presidente da Associação de Diretores (ANDAEP) garante ao JN que defendeu o reforço dos recursos humanos – mais professores e mais técnicos especializados, como psicólogos ou terapeutas, fundamentais para a recuperação dos alunos. O 1.º Ciclo deve ser um alvo prioritário.
Menos turmas mistas
“Há necessidade de dar mais qualidade (e não quantidade) às aprendizagens através, por exemplo, de mais apoios individualizados ou coadjuvações em salas de aula”, insiste.
Já para o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) é prioritário reduzir o número de turmas mistas (no máximo dois anos escolares por sala) no 1.º Ciclo e o número de alunos por turma. A fórmula que atribui o crédito horário às escolas também deve ser alterada, defende o dirigente.
“No próximo ano, mais uma vez, vai ser necessário que escolas e professores construam um plano. Audacioso, mobilizador e gerador de mais e melhores aprendizagens. Com uma classe docente zangada e que sente que a tutela não a valoriza”, lê-se no documento entregue pela ANDE ao ministro.
“Apresentaremos um plano com base em evidências, com um conjunto de estratégias para tratar questões relacionadas com sucesso, recuperação, inclusão, que se centra na confiança que temos nos profissionais e nas nossas escolas e que terá uma estrutura de diferentes eixos”, defendeu o ministro da Educação, na semana passada no Parlamento.
Devo inferir das suas palavras de que possuí larga experiência no ensino e, como tal, sabe do que fala. Concluo igualmente que, na sua ótica, o ensino representa uma despesa injustificada para o Estado o que significa, assumo das suas palavras, que menos é mais. Ou seja, uma boa gestão do ensino público em Portugal será sempre a fórmula empregue por sucessivos governos até ao momento: reduzir custos através de maior número de alunos por turma o que se traduz numa menor contratação de professores, logo uma redução na despesa pública. Caso não tenha percebido, mais alunos por turma significa a existência de menos turmas e, se acrescentar o número de redução de horas para a maioria das disciplinas, com exceção de português e matemática, traduz-se num aumento considerável de turmas atribuídas a cada professor (nalguns casos, pode ultrapassar as 10 turmas). Como é que espera obter uma boa qualidade no ensino sobrecarregando os professores? Como pretende que as necessidades de cada aluno, em termos pedagógicos, sejam devidamente atendidos quando se tem uma sala cheia? Resta, porque não há tempo para mais, tentar cumprir um extenso programa que apenas obriga alunos a decorar para os testes (os que se dão ao trabalho de o fazer) e pronto, produz-se um cidadão! O ensino não é uma linha de montagem
de cidadãos, não visa o lucro. Se se pretende desenvolver um país moderno, é necessário que se compreenda que certos setores sociais, o ensino tal como a saúde, constituem despesa para o Estado, mas representam investimento de um país para o futuro. Não compreender isto, e defender uma uma visão economicista no ensino, é penhorar, a médio/longo prazo, uma nação.