(Por favor, não perturbar, que planear erros dá muito trabalho e exige concentração)
Como se de um filme surrealista se tratasse, repleto de cenas nonsense, os “bem iluminados”, patrocinados pelo Ministério da Educação, continuarão a atulhar as escolas com projectos e programas irrealistas e artificiais, concebidos à luz de enquadramentos teóricos impossíveis de concretizar nas condições existentes e com efeitos práticos muito questionáveis e duvidosos…
A auto-flagelação, os episódios folclóricos e a demagogia na Educação parecem agigantar-se…
A camarilha de bajuladores do regime, incapaz de contrariar qualquer ordem ou decisão emanada pelos doutos superiores, por mais absurda ou insensata que a mesma seja, parece acreditar piamente nas políticas educativas dos seus idolatrados…
Ou, então, genuinamente não acredita e o seu seguidismo limita-se a adular qualquer um que lhe possa ser útil, com o objectivo de poder obter vantagens, benefícios ou reconhecimentos…
Pelos efeitos que já se fazem sentir, prevê-se um Ano Lectivo de 2022/2023 verdadeiramente esquizofrénico, insano e delirante…
Os prodigiosos exercícios de imaginação e de criatividade, de quem não conhece a realidade, nem faz a menor ideia do que é o dia-a-dia numa escola, já estão bem presentes e parece que vieram para perdurar…
Teremos, certamente, as escolas a funcionar à imagem do País:
– País, onde o 1º Ministro, aparentemente desconhecedor das intenções e dos propósitos dos seus protegidos, demite um Ministro e, passadas poucas horas, revoga essa decisão, com uma enorme desfaçatez, apresentando argumentos pueris e esfarrapados para justificar a readmissão do Titular da Pasta das Infraestruturas e Habitação.
-E tudo isso com uma maioria absoluta na Assembleia da República e sem os entraves inultrapassáveis de eventuais pressões políticas por parte da Oposição;
– País, onde o Ministro readmitido convoca uma Conferência de Imprensa, prestando-se ao papel de “l´enfant terrible”, muito arrependido dos actos que praticou, penitenciando-se publicamente pelos mesmos, de uma forma patética e risível;
– País, onde um ex-Primeiro Ministro, acusado de graves crimes económico-financeiros, sempre muito petulante e ufano, continua a passear-se impunemente por aí, aparecendo frequentemente na Comunicação Social a vitimizar-se, a destilar veneno contra todos aqueles que “não vão na sua cantiga” e a proferir ameaças contra tudo e contra todos, com o maior dos desplantes.
Ex-Primeiro Ministro, esse, que se afirma como inocente e vítima de uma conspiração, como se fosse um “mártir” do Ministério Público, mas que faz uso de todos os expedientes legais, na tentativa desesperada de adiar o mais possível a sua ida a julgamento.
Os contribuintes, esses, continuarão, ainda, por muitos anos, a pagar todos os seus desvarios governativos e que conduziram à bancarrota do País, enquanto ele parece continuar a viver faustosamente, sem qualquer limitação económica;
– País, onde grande parte das directrizes emanadas pelo Ministério da Educação parecem pautar-se pelo desnorte e/ou pela incompetência, lamentavelmente, com consequências tangíveis e prejudiciais para muitos, desde os profissionais de Educação até aos Alunos;
– País, onde a Saúde, a Educação e a Justiça parecem estar prestes a ser implodidas pela própria Tutela;
– País, dominado pelos apparatchiks, disseminados por todo o lado, sempre muito submissos, acríticos e prontos para qualquer frete político…
Em resumo, País onde os “maus comportamentos” costumam ser premiados e recompensados e onde alguns agem com o sentimento de total impunidade, parecendo que tudo podem, como se fossem intocáveis ou estivessem acima de qualquer crítica, suspeita ou sanção…
Perante cidadãos submissos, silenciosos e muito tolerantes face ao Poder Político, o conceito de Ética tende a tornar-se muito flexível, difuso e relativo, dependente daquilo que possa dar mais jeito num determinado momento…
A Ética, enquanto código de conduta, não pode ser isso, por não poder sujeitar-se à manipulação, nem às interpretações subjectivas…
E tudo o anterior acabará também por ter reflexo em muitas escolas…
O próximo Ano Lectivo promete muitas operações de cosmética, muita ficção científica e adereços cinematográficos, com destaque previsível para abundantes e variados efeitos especiais…
Obviamente, acompanhados pelo dispêndio de muitas horas de trabalho insano e infrutífero…
Nas escolas não é possível esquecer os erros do passado, pois que se tropeça nas suas consequências todos os dias, mas, e por absurdo que possa parecer, já se começaram a planear os erros do futuro…
O presente ano lectivo ainda não está concluído, mas nas escolas já há um novo Processo Errático em Curso… E a naupatia agrava-se com a preparação do próximo ano…
JUL03-2022- (Matilde)