André Escórcio lançou esta tarde um livro intitulado – ‘A Escola é uma Seca’ -, através do qual pretende lançar reflexão e debate acerca do atual sistema educativo, que considera completamente desajustado da realidade.

Ao intervir na sessão, o padre Martins Júnior referiu-se à publicação como “uma bomba incendiária” e “um novo Livro do Desassossego”, por rebentar com o sistema vigente e apontar caminhos para uma escola completamente diferente.

O auditório da Casa da Luz – Museu da Eletricidade acolheu o lançamento do livro que, de acordo com o autor, se declara “contrário aos atuais conceitos de aula, de turma e até de exame. Defende a necessidade de uma profunda revisão das características que enformam os currículos, os programas, o exagero burocrático e as atitudes políticas centralizadores”.

André Escórcio defende uma escola com espaço para o sonho de cada aluno, “que vá ao encontro de um conceito de uma escola por aluno e não de uma escola igual para todos”.

“Estamos em presença de um sistema educativo que tem mais de 200 anos, que deriva da sociedade industrial que marcou indelevelmente a escola que temos hoje. É verdade que tem havido uma escola ‘pintada de fresco’, que nas margens tem tido a preocupação de melhorar aqui e acolá, mas as traves mestras têm 200 anos”, disse em declarações aos jornalistas pouco antes do começo da sessão.

Sobre o parque escolar, considera-o “completamente errado” relativamente à educação que se pretende para o século XXI. “Hoje já não se fecham crianças dentro de salas. Hoje, os espaços têm de ser abertos. Na própria arquitetura das escolas deveria haver o cuidado de criar uma ideia completamente diferente associada à necessidade de uma aprendizagem que olhe para o mundo. A escola é incapaz de trepar os muros que a circundam”, defende.

Entende que a questão “é essencialmente política, não é partidária”.

“Não se pode brincar aos partidos com a educação. Só que há receios, há rotinas. É mais fácil manter a rotina do que enfrentar uma situação que o próprio livro descreve, que são histórias contadas em 66 pontos em que eu tento desmistificar aquilo que se faz e criar uma nova imagem para o futuro. Não sou eu que digo que a escola é uma seca, são as crianças. Oiçam os professores, oiçam as crianças, leiam os grandes investigadores, os autores, e vão ficar a perceber que há qualquer coisa de ‘pobre’ na educação nas palavras de Merlín, personagem de uma série catalã que passou na televisão”, acrescentou.

A sessão, moderada pelo jornalista Nicolau Fernandes, contou com as intervenções do padre Martins Júnior e do professor Valentim Remédios, para quem a sala de aula deveria ser “um mar de interrogações” e não de pontos finais. Na primeira fila da plateia esteve o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues.

Joana Sousa-Iolanda Chaves-Artigo | 21/01/2022 19:39