A resiliência, uma das competências socioemocionais, pode ser definida como a capacidade de recuperação face à adversidade ou de adaptação às mudanças, sem que isso signifique necessariamente retomar a forma original, mas antes adotar uma outra que responde melhor à nova situação (Cyrulnik, 2021). Existem três componentes essenciais que devem estar presentes no conceito de resiliência: (i) a noção de adversidade, trauma, risco ou ameaça; (ii) a transformação do indivíduo, da organização, do sistema; e (iii) a adaptação positiva ou superação da adversidade.
O conceito de resiliência permite compreender a capacidade de o indivíduo lidar com as circunstâncias adversas e analisar o papel que determinadas características institucionais e sociais desempenham na redução da vulnerabilidade dos indivíduos à adversidade (OCDE, 2018, 2020b). Tem lugar, portanto, no plano individual, mas também nos planos institucional e sistémico.
A resiliência organizacional é a capacidade de uma organização fazer face e de se adaptar aos múltiplos desafios com que é confrontada ao longo do seu ciclo de vida (Cardie Reunion, 2020). As dimensões de conceção do trabalho, liderança, cultura, e estrutura e ancoragem institucional são particularmente importantes na sustentabilidade da resiliência das organizações. Assim, a capacidade de improvisação e de adaptação dos indivíduos que trabalham na organização, o incentivo das lideranças ao compromisso coletivo, a par da valorização dos contributos individuais, da autonomia, da iniciativa, do privilégio do interesse coletivo e da participação em rede com outras organizações constituem aspetos muito relevantes da resposta a eventuais adversidades…..
Desigualdades e medidas de equidade: superação de obstáculos nos quais atores e estruturas se envolveram para obter resultados melhores do que o esperado frente ou após as adversidades.” (Gonçalves, 2020, p. 1).
No plano dos sistemas educativos, a resiliência está relacionada com a capacidade de antecipar riscos, prevenir e suportar consequências, adaptar-se e recuperar de situações de stress ou choque. Esta capacidade pode contribuir para a segurança e a coesão social (Gonçalves, 2020), na medida em que permite aos países responder aos desafios imediatos de reabertura dos estabelecimentos escolares em segurança e preparar-se para lidar melhor com situações de crise no futuro (UNESCO, 2021)