Mérito ou notas marteladas? – Luís Braga

Só no dia de hoje, já recebi 2 notícias de colegas que se queixam de que lhes quiseram alterar, ou alteraram mesmo, as notas que atribuíram porque, se se mantivessem, os alunos não entravam em quadro de mérito, excelência ou outra coisa qualquer que lhe queiram chamar.

Sobre as dúvidas colocadas, a minha opinião é a que seguiria, se tivesse o problema (na minha escola, e bem, essa coisa dos quadros está suspensa por causa do Covid):
1. Os professores propõem notas que o CT aprova ou não.
2. Na maioria dos casos aprova, mas se não aprova vota e fundamenta.
3. O fundamento para subir notas não pode ser “só assim o/a menino/a entra em quadro de mérito”
4. Pela razão evidente de que isso não tem mérito nenhum.
5. E pelo argumento adicional, de que tudo isto encerra um raciocínio circular: o professor acha que o/a aluno não merece um 5, mas “para este e os seus pais exibirem publicamente o mérito que não tem subimos-lhe a nota para se reconhecer o merecimento que não mostrou realmente” ou “para não ter chatices com pais que acham os rebentos geniais”.
6. O diretor nada pode fazer legalmente para interferir com o processo interno do CT. Aliás, se o fizer, é abuso de poder.
6. Quem sobe notas para dar a média de quadro de honra, merecia que eu, que sou contra quadros de mérito, lhes agradecesse, dado que desmerecem dos argumentos que usam a defender os quadros. Manipular as notas para entrar no quadro de mérito é degradar o seu suposto valor. Como dizia um ex-presidente “a moeda má afasta a moeda boa”.

Ainda havemos de propor o “Quadro de honra mesmo meritório” para aqueles que realmente tiveram boas notas e não para os que tiveram notas marteladas para os pais dizerem “o meu filho é aluno de mérito.”

E afinal os quadros de honra não são obrigatórios.As escolas não precisam de ter.
E, este ano, com a quantidade de trabalhos feitos em confinamento, sob suspeita de serem de autoria coletiva, andar a proclamar excelências é capaz de ser pouco sério.

E confesso que não entendo o fetiche com ter o nome “na lista dos tipos que têm boas notas” Se as têm, é natural e não precisam desse suposto reconhecimento. Se tivesse de estar num quadro desses ía ser muito constrangedor aos 12 ou 14 anos.

E, no entanto, tive mérito, na medida em que mereci as notas mais altas ou baixas que tive e nunca ninguém as martelou.

Pais inteligentes e preocupados com o real sucesso educativo e não com aparência escolar de sucesso não alinham em palermices dessas.

E professores que prezam a sua profissão (cujo valor maior não é a vaidade presente, mas o resultado futuro) não alinham nestas habilidades bacocas.

Rui Cardoso
 2 comentários
    • Maria Pena on 5 de Julho de 2021 at 8:46
    • Bom dia, nas escolas tudo está em decadência … esses quadros de honra são uma vergonha. também sou da opinião de que isso deveria de acabar de vez. O Diretor pode determinar acabar com esse “Projeto das vaidades”???

    Gostaria muito de saber, se é , realmente, uma medida que pode ser decida pelo diretor e se sim, quais o procedimentos que este deverá realizar para que tudo seja feito dentro do que é legal.
    Se for possível responder à minha dúvida agradeço muito
    Boa semana
    Atenciosamente
    Maria

    • maria on 5 de Julho de 2021 at 13:09

    Vou ser um bocadinho brejeira

    1- m .. da para os quadros de” honra” de hoje, a avaliar pelo que diz o post, note-se .
    2- no “meu tempo “, o quadro de honra distinguia – com severidade – os melhores. Qual o problema? Não existem, em qualquer actividade humana? Ridicularizavam alguém?
    3- As notas : se um distinto e academicamente preparado professor de Físico- Químicas ( por exemplo) – após aturado conhecimento do desempenho anual do aluno x – apresentar em reunião a nota 11 , o seu autorizado e informado juízo tem e-xa-cta- men- te o mesmo valor da reles “opinião” emitida por um qualquer ignorante “prof” de ginástica , do 910, da EMR, das manualidades, ou outro . É posto à … votação !!!!!! À votação? Como assim? “Isto” é verdade?

    JUL052021